Saímos de Portomarín e tinha decidido ir pelo caminho no entanto perdi-me e comecei pela estrada. Como o início do dia começava logo com umas quantas subidas não fiquei muito triste afinal tinha de novo os meus alforges. Ontem ao passar pelos outros ciclistas sem eles pareceu-me estar a fazer batota. Então resolvi sofrer com os meus 20kg a mais.
Não tardou muito para que descobrisse o caminho. Mais uma vez era daqueles troços mesmo paralelo a estrada. A Compostelana, certificado que recebemos ao chegar em Santiago que prova que fizemos o caminho, só é dada a quem faça os últimos 100km a pé ou 200km de bicicleta. Como Portomarín fica a mais ou menos 100 km de Santiago a quantidade de pessoas a pé a partir daqui aumenta consideravelmente. Claro que todos eles levam pouquíssima bagagem. LOL
As duas da tarde a Lena, já a ficar zangada, obrigou-me a parar para almoçar e descansar. Só faltavam 16 km para Santiago e como ainda era super cedo decidimos continuar até a meta final.
Depois do Almoço comecei os últimos quilómetros da viagem, cheio de entusiasmo. Agora a partir daqui seria sempre pelo trilho... queria chegar a Santiago pelo caminho.
E não foi nada fácil. Mas depois de 3 subidas em que tive de empurrar a bicicleta cheguei ao ultimo monte, e consequentemente subida, da viajem. O Monte do Gozo. Tava la a Leninha sentadinha a minha espera. Paramos para tirar umas fotos e seguimos
pela última descida.
Combinei encontrar-me com o Thiago para o pequeno-almoço. No entanto perdi-me...andei sensivelmente 20 km e voltei para trás, isto em meia dúzia de minutos, o carro foi uma invenção fabulosa... e ainda tive tempo para fotografar....
E foi descontraidamente que entrei na etapa final deste caminho...
Recordei o mp3 que levei carregado de música e que nunca utilizei e a primeira vez que ouvi música foi qd entrei no carro...instintivamente quando descia o monte do gozo em direcção a Santiago apaguei o rádio (só não consegui resistir e deixei o ar condicionado...) Recordei a viagem e .... depois de inúmeras voltas na cidade , diga-se a mais difícil de estacionar que alguma vez tive, voltei a ligar o rádio, quase a buzinar e a entrar novamente no ritmo alucinante de trabalho e Lisboa (durante a semana).. A catedral é mt simples e apenas vimos turistas e peregrinos na praça principal, senti saudades de Léon e dessa emoção, no entanto não fiquei triste por não chegar de bicicleta, ao contrário do que achava momentos antes... sem dúvida que este percurso é mt mais do que chegar a Santiago, sendo esse momento, talvez pela simplicidade da recepção (não sendo palmilhado por motivos religiosos porque aí a simplicidade encaixará concerteza) renegado dos momentos mais emotivos..
Afinal ainda fiz 590 km , quase 3x o necessário para se levar a compostelana, 12 dias a pedalar 2 de carro e inúmeros momentos, alguns deles, poucos, partilhados neste blog...
+ Fotos
Distância: 99,83km
Tempo: 6h:23m:01s
Vel Média: 15,63 km/h
Vel Máx: 62,26 km/h
Dia 14: Portomarín - Santiago de Compostela
Dia 13: Vega de Valcarce – Portomarin
Primeiro dia em Coche e logo no Cebreiro, pois cheguei, bebi um chá , passeei e ainda nada do Thiago. Quando vi tinha na minha mala quer a carteira, quer a sua máquina fotográfica. Voltei a descer à sua procura. Nada de nada!!! Mas onde é que ele se meteu. Voltei a subir, a facilidade do acelerador de um carrito.
Quem havia eu de encontrar, a brasileira de à uns dias atrás. Olá, como vai? Isto aquí é mt bonito, evitei a palavra giro, já aprendi! Pois esta rapariga tem piada, não é que despachou as malas para o Cebreiro, ontem, no entanto não conseguiu lá chegar, ficou a meio sem nada! Depois como achava que ia conseguir andar mais, despachou as malas hoje para Sarria, que fica a mais de 40 km do Cebreiro, acho que vai voltar a vestir a mesma roupa e dormir com o que lhe emprestarem, pois estava a empurrar a bicicleta e era a última do grupo de ciclista, bem atrás. O Thiago ligou-me e já lá estava em cima, enquanto para ela ainda faltavam 10 km a subir, espero que tenha conseguido!
Nesta parte do caminho vemos mt mais gente, principalmente pessoas mais jovens. Finalmente compreendi, porque na parte inicial tinha pessoas mais velhas, porque podem fazer ao seu ritmo, sem terem de estar na segunda às 9h no trabalho. Os mais jovens optam por um trajecto mais curto.
Outro momento que ansiava era esta estátua, pois estive lá uns 30 min a espera do Thiago e a minha foto que já estava imaginada ficará para depois.
Continuamos o caminho e voltei a perceber a minha lentidão, pois agora era o Thiago que esperava por mim, pois eu parava, tirava fotos, o meu ritmo é mesmo de tartaruga!!!
Uma Outra Perspectiva...
Primeiro dia completo a pedalar sem a Lena. Ontem ainda fiz a parte da tarde sem ela e AH!!! Que maravilha! Poder andar à vontade sem estar sempre a olhar para o pneu da frente, a travar constantemente e a pensar: “mas porque raio ela está a andar a 15 km/h numa recta??!!!” lolol.
Depois de deixar a minha companheira tartaruga teria de acelerar o pedal afinal estávamos atrasados.
Por isso o dia avizinhava-se mais difícil ainda pois teria de subir o Cebreiro. Então resolvi fazer batota… mandei os alforges no popó da Lena. Mesmo assim a subida foi extenuante, mais ainda do que seria suposto porque enganei-me no caminho e fui pela parte mais curta… e consequentemente a mais inclinada. Fiz uns bons 4km sempre a subir a 5km/h. Achei essa etapa muito mais difícil e cansativa que os Pirinéus… e vinha sem alforges!! Ao chegar ao Cebreiro finalmente pude apreciar a maravilhosa vista.
Quando paramos para almoçar em Sarría já ia com 60 e tal km percorridos e ainda faltavam uns quantos para terminar o dia. Depois de comer segui viagem com um calor escaldante. Passei por uma paróquia que resumia perfeitamente o meu estado…
Distância: 90.29km
Tempo: 5h:24m:35s
Vel Média: 16,68 km/h
Vel Máx: 59,68 km/h
Dia 12 : Rabanal del Camino - Cruz de Ferro - Ponferrada - Vega de Valcarce
Esperavam-nos 8 km sempre a subir, será que são como os de ontem? Pois não, eram mm a subir.
Felizmente os Espanhóis sabem fazer as subidas com inclinações aceitaveís, ou pelo menos aquelas que os peregrinos em bicicleta vão subir, porque descer a Cruz de Ferro, não é bem assim. Senti medo, mesmo medo, a inclinação era tanta que senão tivesse trocado os travões não sei como seria. Quase deixei de utilizar o travão da frente depois da queda, pelo menos tento o uso ponderado entre ambos, pois mesmo com o travão (de trás) quase a fundo íamos sempre a mais de 20 km/h, depois a estrada tinha aqueles buracos simpáticos, onde a roda poderia entrar e aí superava certamente as feridas da primeira queda.
Mas agora, antes de descer… tínhamos chegado à Cruz de Ferro!!! Pois sempre que olhava para o caminho este era um ponto especial e tinha bastante curiosidade de ver o que as pessoas lá deixavam... Aliás, tinha trazido duas conchas da Arrábida para lá deixar, em vez de uma pedra apanhada pelo caminho, 200m antes, como mt gente faz. Depois de deixar a concha, o Thiago disse-me que tinha de ser uma pedra do tamanho dos nossos pecados e assim, nesse preciso momento pela dimensão da minha concha voltei a pecar!!!!
Chegou também o momento de abandonar a vouvuzela, depois de tantos dias ao meu lado, à chuva, pó , pelo chão, etc e após os 7-0 de Portugal que melhor momento poderia haver?? foi a minha contribuição… Quem sabe se alguém a tocará como sinal de vitória pela sua subida!?!?
Existem regras básicas partilhadas pelo serviço nacional de saúde Espanhol. O primeiro conselho foi aquele que não segui: Vai ao teu ritmo! Pois eu não estava a ir. O meu ritmo implica: fotografar, parar nas localdiades, falar com as pessoas, visitar as cidades e até actualizar o blog. Estava a fazer tudo a correr, para pedalar. Aqui aprendi também outra lição: Meninas, não deixem um homem planificar as etapas, pois ele colocou-nos a fazer os mesmo 60 km que fazemos em recta, nas subidas… simplesmente não dava, estávamos atrasados desde que saímos de Portugal. Para mim no máximo faria 40 km por dia, só de manhã, as tardes devem ser para descansar e tudo o resto que indiquei em cima, isso sim é conhecer.
Pois nesse mesmo dia, de tarde tive tempo para isso mesmo e depois de conhecer as pessoas enquanto esperava pelo Thiago, tivemos direito a foto de grupo, no final, depois de apresentar o meu amigo que à tanto esperava!
Distância: 37,10 km
Tempo: 2h:52m:4s
Vel Média: 12,88 km/h
Vel Máx: 46,73 km/h
Distância: 83,47 km
Tempo: 5h:37m:05s
Vel Média: 15,40 km/h
Vel Máx: 58,15 km/h
P.S – Confirma-se, afinal a menina era mesmo lenta!